Os bombeiros combatem há mais de cinco dias o incêndio no parque nacional de Cerro Corá no Paraguai. Na segunda-feira (23), o diretor de Biodiversidade do Ministério do Ambiente e de Desenvolvimento Sustentável do Paraguai, Rafael Sosa, afirmou que o incêndio continua incontrolável. O país enfrenta uma assustadora onda de queimadas e incêndios em meio a uma brutal onda de calor e uma seca severa. Além disso, o nível do Rio Paraguai é um dos mais baixos da história.
A situação do fogo piora a cada dia com a manutenção do calor e do tempo extremamente seco. As cenas de domingo mais recordavam as imagens apocalípticas dos grandes incêndios florestais que atingem a Califórnia com o céu laranja pela enorme quantidade de fumaça. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do Brasil, o Paraguai somente nos primeiros 21 dias de agosto teve 7.996 focos de calor. O valor já supera o de agosto do ano passado que registrou 7.550. O recorde em agosto é do ano de 2005 com 12.097 e a média histórica mensal de focos de agosto é de 5.801.
No domingo, um enorme incêndio que atingia o lado boliviano da fronteira avançou para o Norte do Paraguai, gerando ainda mais alarme entre as autoridades. A situação era muito preocupante em Base 7, Estância El Tigre, no Chaco, onde a paisagem era distópica com o céu laranja e avermelhado, recordando as cenas dos piores incêndios que costumam ocorrer na Califórnia e na Austrália.
Massa de ar quente cobre Paraguai
Uma grande e intensa massa de ar seco e extremamente quente cobre o país por vários dias e está trazendo recordes de máximas para agosto. A temperatura há vários dias tem ficado perto ou superado os 40ºC no território paraguaio. Com a seca severa e até excepcional na região, o calor extremo e recorde favorece uma explosão de queimadas.
O índice de qualidade do ar na última semana em Assunção passava de 300 em razão da densa fumaça, o que sinaliza péssima qualidade do ar, insalubre perigosa para a saúde. Valores acima de 300 costumam ser vistos tão-somente em algumas das cidades mais poluídas do planeta como Pequim, na China, e Nova Déli, na Índia. Os bombeiros, desesperados, imploraram para que as pessoas parem de queimar.
A temperatura muito alta se combina com a estiagem forte e prolongada para gerar uma condição de muito alto risco de fogo. Os mapas de risco de incêndios indicam que o risco de fogo está extremo (em preto) no Centro e no Norte do Paraguai, condição que deve persistir neste começo de semana.
Grande parte da fumaça que está chegando ao Rio Grande do Sul neste momento tem sua origem no fogo que ocorre no Paraguai, apesar de fumaça da Amazônia e do Centro-Oeste do Brasil também estar alcançando o território gaúcho com o transporte pelo interior do continente por correntes de vento.
Há, contudo, uma boa notícia. Na metade desta semana uma frente fria deve avançar pelo Paraguai não apenas trazendo chuva como também queda de temperatura. A chuva deverá ser suficiente para apagar todos ou quase todos os focos de fogo existentes no país.
Pode, inclusive, chover forte em parte do Paraguai com risco de tempestades fortes de vento e granizo. Antes da frente fria, porém, o vento deve soprar forte e agravar ainda mais a situação dos incêndios, favorecendo o alastramento das chamas.
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