A morte de Adrielly Gonçalves, de apenas 7 anos, após participar do chamado “desafio do desodorante”, reacendeu um alerta que há tempos preocupa pais e educadores: o impacto de conteúdos virais perigosos consumidos por crianças e adolescentes nas redes sociais.
O caso não é isolado. Só nos últimos três anos, ao menos três mortes relacionadas ao mesmo tipo de desafio foram registradas no Brasil, sempre com o mesmo padrão: crianças inalando desodorante em spray após verem vídeos na internet. A substância, quando aspirada em excesso, pode causar arritmias cardíacas, convulsões e parada respiratória.
O que é o “desafio do desodorante”?
Trata-se de um conteúdo que circula principalmente no TikTok e no YouTube Shorts, no qual crianças e adolescentes são incentivados a inalar aerossol de desodorante em spray para testar sua resistência ou provocar uma sensação de “euforia”.
Segundo o toxicologista Anthony Wong, falecido em 2021, substâncias como o butano e o propano — comuns em sprays — entram rapidamente na corrente sanguínea ao serem inaladas, causando efeitos que vão de tontura à parada cardíaca fulminante. “É uma roleta-russa química”, chegou a alertar em entrevista na época.
Por que as crianças estão se colocando em risco?
Para paiscólogos e especialistas em comportamento infantojuvenil há dois fatores principais que explicam a adesão de crianças a esse tipo de conteúdo: a busca por pertencimento e a ausência de orientação digital. “As crianças querem ser aceitas, imitadas, curtidas. E se os pais não estão por perto — presencial ou digitalmente —, elas acabam se guiando pelos pares”, destcacam.
Além disso, o algoritmo das redes sociais costuma promover vídeos com alto engajamento — e os “desafios” se encaixam perfeitamente nesse padrão. A combinação é perigosa: popularidade rápida, sem filtro de segurança.
Como proteger seu filho?
Para especialistas, proibir o acesso à internet já não é mais uma solução viável. O caminho é o diálogo e a educação digital. Veja abaixo algumas orientações:
- Converse abertamente com seus filhos sobre os riscos de vídeos e desafios que circulam na internet. Explique o impacto real de cada prática;
- Mantenha os dispositivos monitorados, com uso de controles parentais e histórico de navegação ativado;
- Observe mudanças de comportamento, como reclusão, uso excessivo do celular ou tentativas de esconder o que assistem;
- Estabeleça regras claras de uso das redes sociais, incluindo horários e locais permitidos;
- Denuncie conteúdos perigosos nas plataformas e incentive outros pais a fazer o mesmo.
Escolas também têm papel fundamental
É preciso avançar também nas escolas. Pedagogos focados em estudos sobre a internet destacam que é preciso que as escolas incorporem discussões sobre redes sociais nos currículos. “Não se trata só de tecnologia, mas de saúde mental, segurança e cidadania. A escola precisa estar conectada com a realidade digital dos alunos”, analisam.
Projetos de lei que tratam da regulação de plataformas digitais ainda tramitam no Congresso. Enquanto isso, a sociedade civil — especialmente pais, responsáveis e educadores — precisa agir com urgência.
Conclusão: o que a tragédia de Adrielly nos ensina?
Mais do que lamentar, o momento exige ação. O “desafio do desodorante” é apenas um entre muitos conteúdos nocivos disponíveis a um clique de distância. A melhor resposta é a informação, o acompanhamento e o fortalecimento do vínculo familiar.
A internet não vai desaparecer — mas a inocência das crianças pode, se não houver quem as proteja.
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