Uma sucuri, com aproximadamente 7 metros de comprimento, foi encontrada morta às margens do rio Formoso, situado em Bonito (MS), no último domingo (24). Segundo relatos do documentarista especializado em vida selvagem, Cristian Dimitris, a serpente morta é a mesma que se tornou viral em um vídeo compartilhado pelo renomado biólogo holandês Freek Vonk. Confira o vídeo abaixo:

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A causa do óbito do réptil está sendo investigada. A identificação da sucuri foi estabelecida por meio das distintas manchas que adornam seu corpo, as quais funcionam como impressões digitais da espécie, conforme explicado por Dimitrius, cuja experiência na filmagem de cobras na região se estende por uma década.

A cobra se chamava Ana Júlia

A identificação da serpente foi também corroborada pela especialista em sucuris e pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP), Juliana Terra, que monitorava a cobra há oito anos em seus estudos. A cientista destacou que a sucuri em questão era conhecida como Ana Júlia, sendo um símbolo para a região de Bonito.

Utilizando imagens de arquivo, Cristian Dimitrius conseguiu confirmar que a sucuri morta era de fato Ana Júlia. Em sua publicação, o documentarista sugeriu a possibilidade de a sucuri ter sido vítima de um disparo. No entanto, as circunstâncias precisas do óbito só serão determinadas após uma análise e investigação conduzidas pela Polícia Militar Ambiental (PMA).

“Diferenciei as marcas faciais, as quais são como impressões digitais. Ela deve ser a sucuri mais famosa do mundo, um verdadeiro ícone para a região. As imagens com essa serpente percorreram o globo”, comentou Cristian Dimitrius.

Equipes da PMA de Bonito estão programadas para se deslocar até o local onde a cobra foi encontrada sem vida, a fim de colher informações. Essa diligência está prevista para ocorrer ainda nesta segunda-feira (25).

A serpente foi localizada com seu corpo significativamente inchado. “Hoje recebi a notícia de que a sucuri foi morta e seu corpo foi encontrado boiando no rio Formoso. Que tristeza, que raiva!!!! Quem teria feito um absurdo destes????”, lamentou o documentarista em suas redes sociais. Ana Júlia foi objeto de filmagens por Cristian Dimitrius ao longo da última década, sendo destaque em reportagens do G1, documentários especiais da BBC e diversos conteúdos digitais.

“Anualmente, muitas pessoas visitam a região para fotografar sucuris. Tive o privilégio de fotografar essa sucuri pela última vez no ano passado. Agora, ela está morta, e sinto uma mistura de tristeza, raiva e indignação!”, exclamou o documentarista.

A sucuri era objeto de estudo pela especialista em sucuris Juliana Terra há pelo menos oito anos. Doutora em ecologia pela Universidade de São Paulo (USP), a bióloga lamentou o ocorrido e ressaltou que a morte da cobra representa uma perda irreparável para a biodiversidade de Bonito.

“Registrei alguns eventos reprodutivos, as gestações e alguns filhotes, além de diversos aspectos da história de vida da sucuri, infelizmente recebo essa notícia”, comentou Juliana

A especialista explicou que Ana Júlia era uma sucuri verde e confirmou que a cobra falecida é a mesma que ganhou fama no vídeo do biólogo holandês.

As fêmeas dessa espécie, em especial, são consideradas predadoras de topo de cadeia, desempenhando um papel crucial no controle das populações de presas. A influência dessas serpentes é fundamental para manter um ecossistema equilibrado, conforme destacou a pesquisadora.

“Era um animal adulto e saudável, teria ainda pela frente provavelmente muitos eventos reprodutivos para contribuir para a perpetuidade da população de sucuris da região, ela era um símbolo também, conhecida localmente e pelos turistas já que costumava ficar descansando no barranco do rio onde passa o passeio de bote”.

Em nota, a prefeitura de Bonito expressou seu pesar pela morte da sucuri e informou que acompanhará de perto as investigações do caso. A seguir, a nota na íntegra:

“A Prefeitura de Bonito manifesta total repúdio pelo ocorrido com a Sucuri ‘Ana Júlia’ em nosso município. A relevância de um animal desse porte nas nossas áreas mostram o quão equilibrado o nosso ambiente está, porque um ambiente para suportar um animal topo de cadeia, como uma sucuri de quase 7 metros, precisa estar no mínimo equilibrado e essa atitude pessoal, de alguém que cometa um ato como este, é totalmente desprezível e vai contra tudo aquilo que a gente trabalha para em prol do meio ambiente. Então esperamos que as autoridades competentes consigam identificar os autores e punir os culpados”.

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