Em uma sociedade cada vez mais acelerada e hiperconectada, a habilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, o chamado multitasking, passou a ser vista como sinônimo de eficiência e agilidade. Presente tanto na rotina profissional quanto na vida pessoal, esse comportamento, no entanto, tem gerado alertas por parte de profissionais da saúde. Longe de representar um ganho real de produtividade, a multitarefa pode comprometer o foco, a qualidade do trabalho e, principalmente, a saúde mental.
Um estudo feito pelo LinkedIn revelou que 87% dos profissionais brasileiros se sentem sobrecarregados com a rapidez das mudanças no ambiente de trabalho e alegam sofrer com a pressão. O número coloca o Brasil entre os países com o maior índice, superando os Estados Unidos (50%), a Alemanha (70%) e a Índia (82%).
Diante deste cenário, Marcia Cristina Costa Soeiro, profissional da área de psicologia do AmorSaúde, alerta que o multitasking pode trazer uma série de impactos ao bem-estar físico e emocional. “A realização de várias tarefas ao mesmo tempo, conhecida como multitarefa, pode desencadear vários efeitos no corpo e na mente, tanto positivos quanto negativos […]”, explica.
Segundo a profissional, embora existam momentos em que a alternância de tarefas estimule a criatividade e ajude a evitar a procrastinação, os prejuízos ao cérebro e à saúde emocional costumam ser mais intensos e duradouros.
Prejuízos da sobrecarga no corpo e na mente
Quando o cérebro é exigido a processar várias tarefas simultaneamente, especialmente aquelas que demandam atenção e concentração, ocorre uma sobrecarga cognitiva. Isso significa que o sistema nervoso central é forçado a dividir recursos que são limitados — como foco, memória e raciocínio lógico — entre atividades distintas. Essa divisão afeta diretamente a eficácia de cada uma dessas tarefas.
Entre os principais efeitos do multitasking no corpo e na mente, a psicóloga destaca:
Estresse crônico: sensação de urgência constante e sobrecarga emocional;
Ansiedade: preocupação com o acúmulo de demandas e receio de não conseguir cumpri-las;
Prejuízos na memória: dificuldade de fixar informações e lapsos frequentes;
Fadiga mental: sensação de cansaço intenso mesmo após poucas horas de trabalho;
Queda na qualidade do desempenho: erros mais frequentes e dificuldade em manter o padrão de entrega.
Cérebro humano não foi feito para múltiplas tarefas simultâneas
De acordo com Marcia Cristina Costa Soeiro, uma das maiores armadilhas do multitasking está no comprometimento do foco, especialmente em atividades mais complexas. “Há prejuízo significativo no foco, atrapalhando a realização de atividades complexas porque o cérebro humano não é projetado para lidar com várias tarefas simultaneamente que exigem atenção concentrada”, afirma.
A tentativa de manter várias frentes em andamento pode levar à chamada atenção fragmentada, em que o cérebro não consegue aprofundar-se em nenhuma tarefa com qualidade. A produtividade, portanto, é apenas aparente: há movimento, mas pouco progresso real.
Pessoas mais afetadas pelos efeitos negativos
Embora todos estejam suscetíveis aos impactos da multitarefa, certos perfis são especialmente vulneráveis. Pessoas ansiosas, pessoas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), estressadas ou deprimidas têm maior propensão a sentir os efeitos nocivos da sobrecarga, explica a psicóloga.
Segundo Marcia Cristina Costa Soeiro, esse grupo já lida com limitações no gerenciamento da atenção, emoções e energia, e o acúmulo de tarefas simultâneas pode intensificar esses quadros, levando a crises de ansiedade, agravamento da depressão e até o desenvolvimento de compulsões.
Há uma forte relação entre multitasking e o aumento de transtornos mentais (Imagem: fizkes | Shutterstock)
Saúde mental em risco
A psicóloga ressalta que os danos provocados pelo multitasking não se limitam à produtividade, pois podem afetar diretamente o equilíbrio emocional e o funcionamento psicológico como um todo. “A memória pode piorar, pode haver aumento do estresse, da ansiedade e da depressão e até compulsão alimentar”, destaca Marcia Cristina Costa Soeiro.
A profissional também ressalta que há “uma forte relação entre multitasking e o aumento de transtornos como ansiedade e depressão”. Isso porque a pressão por desempenhos múltiplos e simultâneos sem pausas ou foco único cria um ambiente mental propício ao esgotamento, irritabilidade e sintomas de burnout.
Como melhorar o foco e proteger a saúde mental
Em contraponto à cultura da pressa e da produtividade a qualquer custo, há estratégias simples e eficazes para preservar o equilíbrio emocional e otimizar a performance. “Para melhorar a concentração e a produtividade sem prejudicar a saúde mental, é importante implementar uma combinação de técnicas de gerenciamento do tempo, práticas de higiene mental e cuidados com a saúde física”, orienta Marcia Cristina Costa Soeiro, que lista ações recomendadas:
Criar um ambiente organizado e livre de distrações;
Estabelecer rotinas e listas de prioridades;
Fazer pausas regulares ao longo do dia;
Praticar mindfulness, respiração consciente e outras técnicas de relaxamento;
Garantir uma alimentação equilibrada, sono de qualidade e prática regular de atividades físicas.
Hábitos que promovem equilíbrio e bem-estar
Além das práticas pontuais, Marcia Cristina Costa Soeiro ressalta ser importante construir uma rotina com hábitos que sustentem o equilíbrio entre produtividade e saúde mental a longo prazo. Para a psicóloga, é essencial “praticar atividades físicas, manter uma alimentação saudável, garantir sono de qualidade, cultivar relacionamentos saudáveis e estabelecer limites”.
A profissional acrescenta que também faz parte do cuidado diário reservar tempo para si. “Reserve tempo para atividades que o relaxem, como leitura, meditação, música, hobbies ou atividades físicas”, finaliza.
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Edicase
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