Num marco histórico para a ciência, pesquisadores ressuscitaram vermes que estavam congelados há cerca de 46 mil anos. A equipe de cientistas, ao sequenciar o genoma desses nematoides, identificou uma nova espécie. O estudo foi publicado na revista PLOS Genetics.
Os vermes foram encontrados nas profundezas das geleiras da Sibéria e, uma vez reanimados, iniciaram uma prole em uma placa de laboratório. Este feito deslumbrante da ciência moderna, além de ter um fator “uau”, tem também relevância prática, de acordo com Philipp Schiffer, líder do grupo no Instituto de Zoologia da Universidade de Colônia e coautor do estudo.
Estudar esses nematoides pode proporcionar um maior entendimento de como os animais podem se adaptar molecularmente às mudanças de habitat resultantes do aquecimento global e das alterações climáticas, explicou Schiffer.
É conhecido que algumas criaturas microscópicas têm a capacidade de entrar em um estado de criptobiose, um processo que permite que sobrevivam em ambientes hostis ao desacelerar seu metabolismo a níveis quase indetectáveis.
Em 1936, um crustáceo viável de vários milhares de anos foi descoberto no permafrost na Rússia, e em 2021, pesquisadores reanimaram antigos rotíferos bdelóides após 24.000 anos congelados nas geleiras siberianas.
No entanto, o recorde anterior de ressuscitação de um nematoide foi de apenas algumas dezenas de anos, um registro agora quebrado pelo nematoide Panagrolaimus kolymaensis, encontrado em um antigo buraco de gopher a cerca de 40 metros abaixo da superfície.
O solo congelado que abrigava o nematoide foi datado em 46 mil anos por meio de datação por radiocarbono.
Schiffer descreveu que o processo para reanimar esses vermes é surpreendentemente simples. O solo é descongelado cuidadosamente para evitar a morte dos nematoides por superaquecimento. Uma vez descongelados, os vermes começam a se mover, se alimentar de bactérias e se reproduzir em uma placa de laboratório.
O nematoide original de 46.000 anos já não está mais vivo, mas os cientistas conseguiram criar mais de 100 gerações desse único nematoide através de um processo chamado partenogênese.
O que desperta o interesse dos pesquisadores não é apenas a idade do espécime, mas também a maneira como ele entra em um estado de suspensão.
Experimentos mostraram que a nova espécie de nematoide, assim como o C. elegans, sobrevive melhor ao congelamento e à desidratação se for exposta a condições ligeiramente dessecantes antes do congelamento profundo. Durante esse recondicionamento, os nematoides começam a produzir trealose, um açúcar que pode ajudar a proteger o DNA, as células e as proteínas da degradação.
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