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Estudo aponta que mudanças climáticas provocarão inundações em diversas cidades do mundo
Aos 82 anos, seu Valmor ainda guarda na memória aquela primavera de 1961. Viu as fortes chuvas alimentarem a força do rio Tijucas, que arrastou tudo pela frente em fúria incontida: casas, vilas, animais, pessoas. Quando a água chegou ao município que dá nome ao rio, “toda a cidade ficou no fundo, inundada. Foi uma coisa de louco”. Seis pessoas morreram. A relação com as águas sempre fez parte da realidade em Santa Catarina. E em 2050 – 28 anos depois das lembranças de seu Valmor -, pelo menos 22 cidades do Estado podem ser afetadas pela elevação do mar
O prognóstico faz parte de um estudo citado na Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas – a COP25 -, que ocorreu neste mês em Madri, na Espanha. O evento reuniu especialistas e representantes de quase 200 países para discutir os desafios sobre os impactos das mudanças climáticas no mundo. O estudo da Ong Climate Central foi divulgado pela revista científica Nature Communications, no final de outubro. A projeção foi feita com o cruzamento de pesquisas sobre impactos das alterações no clima com um sistema de mapeamento de alta resolução, que integra dados de batimetria (medição da profundidade dos oceanos) e topografia (características presentes na superfície de um território).
Formada por cientistas e pesquisadores de vários países, a organização afirma que, até 2100, a maré irá subir entre 0.6 centímetros a 2.1 metros – ‘engolindo’ cidades costeiras. Países como China, Bangladesh, Índia, Vietnã, Indonésia e Tailândia serão os mais atingidos em território, ainda que o Acordo de Paris, de 2015, seja cumprido. A projeção é de que 300 milhões de pessoas em todo o mundo podem ser afetadas com os impactos das inundações. No Brasil, a população em risco soma 1 milhão de cidadãos. Estes números, no entanto, não levam em conta projetos de contingência das marés já em andamento – ou futuramente implementados -, que podem reduzir os estragos.
Municípios afetados em Santa Catarina
Na reportagem, o ND+ explorou o território catarinense em uma projeção do ano de 2050, sob o cenário de “poluição moderada”, que consiste em um aumento gradual da temperatura da Terra em até 2ºC, até o final do século. O índice é 0,5ºC acima do que foi estipulado durante o Acordo de Paris, quando 200 países se comprometeram em reduzir a emissão de gases do efeito estufa – substâncias como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).
A pesquisa disponibiliza um mapa interativo, em que é possível navegar por todos os países do Globo. Com a ajuda de filtros, pode-se escolher o cenário desejado para a projeção, incluindo o ano futuro e o contexto de poluição que vive o Planeta. As áreas em vermelho sinalizam os locais inundados. Mais de 60 pesquisas foram usadas durante a formulação do estudo. Neste contexto, daqui a 30 anos os municípios com mais riscos de serem atingidos em Santa Catarina são: Joinville e São Francisco do Sul (Norte), Itajaí, Navegantes e Balneário Camboriú (Vale), Tijucas (Grande Florianópolis), Tubarão e Jaguaruna (Sul).
Em Florianópolis, as localidades mais afetadas – porém em dimensão menor em comparação aos outros municípios do Estado – são Daniela, Ribeirão da Ilha, Ponta das Canas, Praia Brava, Jurerê Tradicional, Costeira do Pirajubaé, Tapera, Solidão e Naufragados. Em Florianópolis, as localidades mais afetadas – porém em dimensão menor em comparação aos outros municípios do Estado – são Daniela, Ribeirão da Ilha, Ponta das Canas, Praia Brava, Jurerê Tradicional, Costeira do Pirajubaé, Tapera, Solidão e Naufragados. Trechos de importantes vias da Capital catarinense também aparecem no curso das águas: a Beira-Mar Norte (Avenida Jornalista Rubens de Arruda Ramos), a Via Expressa Sul (Rodovia Governador Aderbal Ramos da Silva), aterrada nos anos 1990 – ambas na região central -, e a Rodovia Baldicero Filomeno, no Sul da Ilha.Grandes rodovias do Estado, como a BR-101 e a BR-280, têm diferentes pontos com risco de inundações em 2050, conforme a projeção. Portos catarinenses também podem ser afetados pelo avanço das águas
Novo estudo diminuiu margem de erro
A ferramenta, chamada CoastalDEM, utiliza redes neurais – um tipo de inteligência artificial – que atualizou e corrigiu dados de elevação do solo que, até agora, subestimavam as zonas costeiras sujeitas a inundações. Assim, o novo estudo triplicou as expectativas de aumento do nível do mar. Até então, o antigo modelo se baseava na Missão Topográfica Radar Shuttle (SRTM, sigla em inglês), da Nasa. No entanto, a projeção fazia a medição sem distinguir diferentes níveis do solo – considerando árvores, imóveis e até topos de prédios como a própria superfície terrestre. Como resultado, os estudos anteriores superestimaram as elevações costeiras em mais de dois metros em média, indicando falsa segurança contra inundações causadas pelo aumento do nível do mar. De acordo com o novo estudo, este erro médio foi reduzido para menos de dez centímetros.
A ferramenta de rastreio de riscos costeiros leva em conta não só a meta estipulada no Acordo de Paris, mas também faz uma estimativa do futuro caso a poluição não seja freada. No cenário denominado como “poluição não controlada”, a temperatura aumentará entre 3ºC a 4ºC. Isso implicaria em 2.430 gigatoneladas de poluição de carbono até 2100, segundo o estudo. Na tentativa de chamar a atenção para as consequências do aumento do nível do mar, a Climate Central criou vídeos de sobrevoo em cidades costeiras ao redor do mundo. As imagens para a produção das animações foram disponibilizadas pelo Google Earth e fazem a reprodução real das localidades em 3D. As projeções foram feitas a partir da previsão do aumento de temperatura da Terra de 4ºC ou 2ºC. Nos dois cenários, cidades podem ser afetadas, mas com impactos distintos.
Pesquisadora da UFSC reforça estudo
Professora da UFSC (Universidade de Santa Catarina) e pesquisadora do tema, Regina Rodrigues é uma das cientistas brasileiras que participou do IPCC. A especialista concorda com o estudo da Climate Central e afirma que pesquisas recentes “não deixam dúvida” de que o aquecimento da Terra é provocado pela ação humana. “Há uma urgência para mudanças”, diz Regina, ao destacar que o futuro precisa ser repensado. Além dos problemas para o meio ambiente, a professora pontua que o aumento do nível do mar também causará impactos na economia. Isso porque as inundações podem afetar toda a infraestrutura das cidades.
“A questão do aumento do nível do mar ser uma ação humana já é consenso. Todas as pesquisas afirmam que não é somente um movimento tipicamente natural, a emissão de CO2 é a principal culpada. Temos dados embasados e todos os anos aprimoramos essa perspectiva futura, que é muito ruim para o Planeta. Já superamos isso, agora precisamos agir, colocar em prática as mudanças”, disse. Na contramão da Academia está o meteorologista Luiz Carlos Molion, da Ufal (Universidade Federal de Alagoas). Ele afirma que não é possível afirmar que as temperaturas estão subindo por consequência da ação humana. “Houve um aquecimento global mais recente, entre 1977 até 2005, mas não foi produzido pelas atividades humanas, e sim por uma redução da cobertura de nuvem global. Na minha opinião, é muito difícil medir o nível do mar neste Planeta, pois existem vários aspectos geofísicos que impedem que seja determinado. O movimento das placas tectônicas, por exemplo, o ciclo lunar e outros aspectos também influenciam”, defende
REPORTAGEM: Caroline Borges
PESQUISA/TEXTO/EDIÇÃO: Beatriz Carrasco
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