O atacante do Palmeiras, Dudu, enfrentou em 2023 um período desafiador, marcado por sua primeira lesão grave e a descoberta de um golpe financeiro. A Polícia Civil de São Paulo está conduzindo uma investigação que envolve Thiago Soubhia Donda, ex-assessor e padrinho de casamento de Dudu, um ex-gerente bancário e um funcionário de cartório na capital paulista. Segundo os advogados do jogador, estima-se que ele tenha perdido mais de R$ 18 milhões nos últimos anos.

A defesa de Dudu solicitou a abertura de inquérito em novembro do ano passado, no 15º Distrito Policial de São Paulo, resultando na investigação das partes denunciadas. No cerne da denúncia está Thiago Donda, uma figura de longa data na vida de Dudu, em quem o jogador depositava grande confiança. Após as acusações, Dudu rompeu laços com seu ex-assessor, encerrando uma amizade que perdurava há mais de uma década.

A denúncia sugere que Thiago utilizou fichas internas com assinaturas falsas de Dudu para desviar regularmente fundos de uma conta no Bradesco, onde o jogador recebia os direitos de imagem do Palmeiras. Tais direitos, por lei, podem corresponder a até 40% do salário total de um jogador de futebol.

Dudu suspeita que as atividades fraudulentas de Thiago ocorrem desde 2015, quando o atacante se transferiu do Grêmio para o Palmeiras e contratou o assessor para auxiliá-lo nas atividades cotidianas. Ao longo do tempo, Thiago conquistou a lealdade e confiança de Dudu, ganhando acesso às suas finanças e movimentando suas contas bancárias sem o conhecimento do atleta. O Bradesco informou estar cooperando com as autoridades.

Em agosto do ano passado, Dudu tomou conhecimento das fraudes financeiras que vinha sofrendo. O pedido de abertura de inquérito destaca que a empresa de Dudu, Dudu Sete Agenciamento de Imagens Esportivas, responsável por receber os direitos de imagem, não pagava impostos desde 2018, acumulando parcelas pendentes e execuções ajuizadas desde 2022, tudo sem o consentimento do jogador.

O contador da empresa alegou que não informou Dudu sobre a falta de pagamento dos impostos por ordem de Thiago, indicando um escritório de advocacia para evitar o bloqueio dos bens do jogador. As fraudes envolvem Thiago, o gerente do Bradesco e um funcionário do cartório em Perdizes, São Paulo. O gerente foi demitido em dezembro de 2022, e ambos estão sob investigação.

Embora o contador não seja alvo atual da investigação, existe a possibilidade de seu envolvimento no decorrer da apuração. A defesa de Dudu alega que o contador tinha conhecimento dos desvios e poderia ter agido para impedi-los.

Diversas fraudes foram constatadas pelos advogados de Dudu, incluindo transferências com assinaturas falsas, compensação de cheques fraudulentos, débitos indevidos nas contas bancárias, operações de empréstimos não autorizadas, venda de títulos de capitalização sem consentimento, entre outras. A perícia contratada por Dudu comprovou, por meio de laudo grafotécnico, a falsidade das assinaturas.

Inicialmente estimado em R$ 8 milhões, o valor desviado para Thiago e sua empresa, BWF Assessoria e Agenciamento, por meio de fichas bancárias e cheques com assinaturas falsas, aumentou para mais de R$ 14 milhões. Uma empresa de auditoria está investigando o caso, e o prejuízo já alcança R$ 18 milhões, podendo aumentar.

Dudu e Thiago, que eram próximos desde 2012, quando Thiago frequentava a casa do jogador, cortaram relações após a descoberta dos golpes. Thiago foi padrinho de casamento de Dudu e estava presente na assinatura do último contrato de renovação do jogador com o Palmeiras. A polícia aguarda documentos do banco para avançar na investigação, e a defesa de Dudu solicita que a polícia investigue diversos crimes, incluindo estelionato, abuso de confiança, falsificação de documentos, associação criminosa, entre outros.

O Bradesco informou estar colaborando com a polícia, enquanto a assessoria de imprensa de Dudu afirma que a equipe jurídica do jogador já tomou as medidas cabíveis. O 19º Cartório de Registro Civil de São Paulo ainda não se pronunciou.

Fonte: SCC10

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