Durante a cerimônia de colação de grau da turma de Cinema da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), a professora Aglair Bernardo, paraninfa da turma, optou por uma abordagem inusitada. “Eu e minha escova”, disse antes de começar a escovar os dentes em frente a dezenas de pessoas na plateia do Centro de Eventos da universidade, em Florianópolis, na última quinta-feira (25). “Eu tenho que fazer isso tudo muito rápido, eu tenho uma formatura para ir”, disse, intercalando falas com a escovação, ao lado de outros professores no púlpito.
A performance atraiu a atenção de alunos, familiares e amigos na plateia, mesclando um tom provocativo com uma atitude distraída.
Aglair revelou que esta não foi a primeira vez que utilizou um objeto em seus discursos de formatura. “Eu acho que a arte tem um pouco disso, de significar objetos banais e transformá-los em outra coisa. Podia estar ali tricotando, fritando um ovo. A arte tem disso: provocar estranhamento”, justificou. A professora garantiu que a cena foi toda improvisada e sem combinação prévia com os formandos. “A gente, quando escova os dentes em casa, aproveita e pensa em um monte de coisa? Foi o que eu fiz. ‘O que eu diria para essa turma? Não posso esquecer de falar isso. Não posso esquecer de falar aquilo'”.
Após uma longa pausa, Aglair encerrou seu discurso com uma pergunta retórica: “será que me esqueci de alguma coisa? Façam arte, não façam guerra”.
Escape lúdico
Pouco antes da professora Aglair subir ao púlpito, a oradora da turma de formandos de Cinema, Victória dos Santos, fez um discurso contundente sobre as relações estremecidas entre alunos e professores no departamento.
Victória considerou a performance da professora como uma forma lúdica de evitar abordar “coisas sérias do jeito que têm que ser”. “Eles têm seus próprios problemas, suas próprias frustrações, e deixam que isso acabe respingando nos alunos de uma forma meio inconsequente. E, para não falar desses assuntos, a gente acaba generalizando para um ‘façam arte, não façam guerra’, porque falar das coisas que vão contra nós é fazer alguém se sentir desconfortável”, criticou.
Apesar do desconforto, Victória afirmou compreender “a subjetividade da artista” e não ficou surpresa. “Não me surpreendeu porque ela já foi paraninfa de outras turmas. A gente sabia que era uma consequência de ter convidado ela para esse momento.”
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Fonte: ND+
Sobre o autor:
Barbara Machado
Barbara Machado, nascida em Florianópolis, jornalista no Visor Notícias com foco na redação. Mostrou paixão pela escrita desde os 9 anos, tendo sua poesia publicada em um livro da cidade. Encontrou sua vocação no jornalismo, adquirindo experiência em cobertura de eventos, participando de coletivas e muito mais, marcando sua trajetória com determinação, coragem e resiliência. Valoriza a precisão e a veracidade dos fatos, o que reflete sua curiosidade e responsabilidade no jornalismo.
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