A pesca da tainha em Florianópolis registrou uma queda alarmante de 37,9% em relação ao último ano, com apenas 35,3 mil tainhas capturadas no primeiro mês da temporada, suscitando preocupações para os pescadores locais.
De acordo com o tainhômetro da prefeitura, que registra a captura por praia, a Lagoinha do Norte lidera com 9.692 tainhas, enquanto a Barra da Lagoa, que liderava no ano passado, registrou 14.030 tainhas.
Pescadores locais como Aldori Aldo de Souza, do Sul da Ilha de Santa Catarina, expressam frustração com a situação. Ele descreve a situação como “feia” e “horrível”. Pedrinho, outro pescador da região do Moçambique, concorda, lamentando a escassez de tainhas e o pequeno tamanho das poucas que são encontradas.
A queda na pesca se estende a várias praias de Florianópolis. Em Campeche, apenas cerca de 300 tainhas foram pescadas no primeiro mês. Pedro, dono de um rancho local, reconhece que a pesca está fraca, mas mantém a esperança no aguardo de mais tainhas.
A ausência de vento sul e frio no litoral são fatores determinantes para a queda na pesca, de acordo com Ivo Silva, presidente da Federação dos Pescadores do Estado de Santa Catarina (Fepesc). O secretário executivo da Aquicultura e Pesca, Tiago Bolan Frigo, concorda, apontando a alta temperatura como um fator crucial para o baixo registro.
Ingleses e Prainha da Barra da Lagoa seguem a Lagoinha do Norte no ranking das praias com mais capturas, com 5.053 e 3.871 tainhas, respectivamente. A lista continua com Barra da Lagoa, Ponta das Canas, Jurerê Internacional, Daniela, Brava, Cachoeira do Bom Jesus e Pântano do Sul.
O oceanógrafo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Paulo Horta, atribui a baixa captura ao aquecimento do Atlântico e à degradação dos ambientes costeiros. Ele alerta que a situação se estende a outras regiões do estado e afeta outras espécies de peixes.
Um dos fatores preocupantes é que a temporada de pesca coincide com o período de reprodução da tainha, dificultando sua procriação e colocando a espécie em risco de extinção. Horta destaca que a poluição costeira, a degradação dos estuários e a ocupação da linha de costa estão entre os principais fatores que ameaçam a população da tainha.
Em Santa Catarina, a temporada da tainha começa em 1º de maio com a pesca de arrasto de praia, realizada por comunidades que usam redes de cerco para capturar os peixes. Embora essa forma de pesca seja uma tradição cultural, o número de tainhas capturadas tem diminuído significativamente nos últimos anos.
A pesca anilhada e industrial são outras duas modalidades praticadas no estado. A primeira teve sua cota reduzida em 68% este ano, enquanto a segunda foi proibida, levando o governo estadual a mover uma ação judicial contra a medida. A proibição da pesca industrial pode resultar em prejuízos de R$ 10 milhões para o estado.
Cenário ideal
Apesar das adversidades, os pescadores mantêm a esperança de uma melhora no segundo mês da temporada, aguardando o vento sul que geralmente traz os peixes para a costa. A chuva, embora não seja um grande problema, pode alterar as condições de pesca em dias de mar agitado.
Para garantir a sustentabilidade da pesca da tainha e proteger a espécie de uma extinção iminente, especialistas argumentam a necessidade de um controle rigoroso da pesca. Jorge Rodrigues, professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), afirma que a atividade deve ser gerida de forma equilibrada para proteger as populações de tainha e evitar que as famílias passem fome. O desafio, então, é equilibrar a preservação da espécie, a subsistência das famílias que dependem da pesca e a cultura local que é intrínseca à atividade.
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