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Vinhos catarinenses geram efeitos benéficos contra o envelhecimento

Para os apreciadores de vinhos, Santa Catarina possui mais de 20 vinícolas dedicados à produção de vinhos finos.

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Para os apreciadores de vinhos, Santa Catarina possui mais de 20 vinícolas dedicados à produção de vinhos finos.

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Fonte: Divulgação

Quem olha para as videiras plantadas em São Joaquim, na serra de Santa Catarina, no início do verão, não pode imaginar que está diante de um fenômeno único e especial.

Nessa época, começam a brotar os pequenos cachos de uvas que servirão de base para a produção dos vinhos de altitude catarinenses. Aquecidos pelo sol durante o dia e resfriados pelas baixas temperaturas da noite serrana, cada cacho guarda em si uma verdadeira receita mágica.

A exposição ao frio prolonga o tempo necessário para a maturação das uvas, equilibra a produção natural de açúcar da fruta e promove a produção de um alto índice de polifenóis, substância que, além de garantir os famosos taninos e a cor expressiva dos vinhos, traz para os consumidores uma forte ação antioxidante que pode proteger o metabolismo e, possivelmente, gerar efeitos benéficos contra o envelhecimento.

“Um índice tão alto de polifenóis só acontece nos vinhos de Santa Catarina e de Israel”, explica Betina de Bem, doutora em Viticultura e Enologia. “Todo mundo que quer ter saúde deveria tomar nossos vinhos moderadamente e diariamente”, brinca.

A possibilidade de estar disponível, em Santa Catarina, uma deliciosa “fonte de juventude’” pode parecer argumento suficiente para encorajar a degustação dos vinhos finos produzidos no Estado, mas a verdade é que uma série de fatores têm impulsionado o crescimento da produção e do consumo de vinhos catarinenses.

Em Santa Catarina, mais de 20 vinícolas dividem cerca de 350 hectares de vinhedos dedicados à produção de vinhos finos. A maior parte fica em São Joaquim, segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e da Associação Vinhos de Altitude de SC. A produção estimada do último ano foi de 1,5 milhão de garrafas.

A exposição dos vinhedos ao frio preserva os aromas mais delicados das uvas e contribui para a “mágica” que caracteriza os vinhos da região. “Podemos perceber uma proeminência da fruta, muito frescor e aromas de flores e herbáceos que são bem característicos aqui da Serra Catarinense, como um cheirinho de capim e de grama, que é uma delícia”, explica o sommelier Diogo Cruz.

Outra característica marcante é a acidez resultante do equilíbrio na produção de açúcar das uvas. “É uma acidez gostosa que traz frescor e dá aos vinhos brancos, por exemplo, um casamento perfeito com frutos do mar”, explica Diogo.

Vinhedos Jovens

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Fonte: Divulgação

Responsável pela produção da vinícola Quinta da Neve, a enóloga Betina de Bem lida diariamente com as jovens videiras da serra. As primeiras mudas para cultivo de uvas na região foram plantadas há cerca de 20 anos e hoje os vinhedos são considerados apenas iniciantes em comparação com as centenárias árvores produtoras da Europa.

“A planta é como uma pessoa: quando jovem, ainda não está bem equilibrada, às vezes produz muitas folhas, e isso traz, para algumas variedades de uvas, uma certa dificuldade de cultivo. Para outras, essa energia toda é benéfica. Com o tempo, ela vai produzindo menos, mas, em compensação, apresenta melhores características para a uva”, diz Betina.

A história recente do cultivo de uvas para vinhos finos é também um diferencial da produção catarinense. Ao contrário do Rio Grande do Sul, por exemplo, onde a produção nasceu impulsionada pela tradição dos imigrantes italianos, por aqui o cultivo surgiu de pesquisas científicas realizadas pela Epagri na década de 90. O objetivo do trabalho pioneiro foi verificar quais regiões do Estado apresentavam maior potencial para implantar esse cultivo específico.

Depois de alguns anos de testes, as videiras plantadas em São Joaquim chamaram a atenção dos pesquisadores porque apresentavam um comportamento bem diferente de outras plantadas em áreas mais próximas do nível do mar. O experimento chamou a atenção de empreendedores e entusiastas, como o médico Leonidas Ferraz.

Informados sobre o futuro promissor da região, no início dos anos 2000, Leonidas e a esposa Alida compraram terras em São Joaquim e foram para a França comprar as mudas de videiras que hoje são a base da produção das 28 mil garrafas que a vinícola Monte Agudo produz anualmente.

“As mudas ficaram retidas no porto por meses, achamos que estavam mortas, mas quando foram liberadas nós precisávamos apostar no plantio”, conta Patrícia Ferraz, filha do casal e diretora comercial da vinícola.

As mudas sobreviveram e deram origem a um vinhedo de 5,5 hectares. Em 2008, foi produzido o primeiro vinho da Monte Agudo – um corte das uvas cabernet sauvignon e merlot que viria a se tornar um dos principais rótulos da vinícola, comercializado ainda hoje.

Atualmente a Monte Agudo produz oito rótulos com as cinco variedades de uvas que cultiva: cabernet sauvignon, merlot, chardonnay, sauvignon blanc e malbec. Um cultivo das alemãs riesling renano está em fase de testes no vinhedo.

Entre os destaques da produção da vinícola está o chardonnay Expressões de Altitude, com fermentação em barrica de carvalho francês – um diferencial entre os vinhos brancos em geral.

A qualidade desse vinho foi reconhecida, em 2011, com o prêmio de segundo melhor chardonnay na maior competição de vinhos da América Latina, a Expovini, disputando com produções de países como França e Austrália.

Vinhos e experiências

Os prêmios nacionais e internacionais são comuns em quase todas as vinícolas catarinenses. Em cada uma delas é possível encontrar pelo menos um rótulo com destaque entre apreciadores profissionais.

Também merecem destaque os serviços de recepção aos turistas nas vinícolas, já que criar experiências no enoturismo é a grande aposta dos produtores da região.

Nas vinícolas Villa Francioni e Leoni de Venezia, ambas vizinhas da Monte Agudo, é possível conhecer todo o processo de tratamento das uvas e os equipamentos envolvidos na fabricação dos vinhos.

A vinícola Quinta da Neve, pioneira no segmento no Estado e produtora de 50 mil garrafas por ano, recentemente também inaugurou um espaço especial para receber turistas em eventos e degustações.

A cerca de 60 quilômetros dali, em Urubici, a vinícola Serra do Sol prepara uma área de recepção na beira de um penhasco a 1200 metros de altitude, também em um projeto familiar. A proprietária, Roberta Zilli, conta que o cultivo no local começou na década de 90, mas a família priorizava a plantação de maçãs.

Apenas em 2008 engarrafaram o primeiro vinho, que recentemente começou a ser comercializado na loja própria da família, localizada no Centro de Urubici.

No ano passado, o vinhedo de cinco hectares rendeu uma produção de 35 mil garrafas que misturam três variedades francesas – cabernet sauvignon, sauvignon blanc e malbec – e seis variedades italianas: montepulciano, sangiovese, ribolla gialla, trebbiano, moscato e rebo.

Na Monte Agudo, a família Ferraz recebe visitantes para degustações, refeições harmonizadas e piqueniques em um espaço construído no alto do monte, com vista privilegiada para os vinhedos e para o pôr de sol.

“Temos percebido um grande crescimento do público que vai à serra pela primeira vez e está começando a apreciar vinho. Por isso, nosso objetivo é que todos possam vir, tomar um espumante ao pôr de sol se sentindo confortável, percebendo que a bebida não precisa ser cheia de pompa e circunstância”, destaca Patrícia Ferraz.

Mercado em expansão

Pesquisa publicada recentemente pela empresa de consultoria Wine Intelligence atestou o que muita gente já tinha percebido: o consumo de vinho cresceu após o período da pandemia. O número de bebedores de vinhos saltou de 39 milhões para 51 milhões de pessoas de 2020 para 2021 e transformou o Brasil no 14º mercado de vinho mais atraente do mundo.

Na Associação Brasileira de Sommeliers em Santa Catarina (ABS-SC), que oferece cursos de capacitação e profissionalização, este crescimento já apresenta os primeiros impactos: “Cada vez mais profissionais estão buscando especialização, porque precisam prestar um bom atendimento para esse público que se interessa cada vez mais por vinho”, aponta a presidente da ABS-SC, Rossela Ceni.

Outro fator que deve contribuir para a expansão dos vinhos catarinenses é a obtenção da Indicação de Procedência, uma distinção concedida aos vinhos da região, no ano passado, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpe). Apenas 67 produtos brasileiros possuem este selo.

Ele atesta, com base nas pesquisas realizadas desde a década de 90 e na verificação dos resultados obtidos ao longo dos últimos 20 anos, a existência de relações diretas entre o território e a qualidade dos vinhos. Com isso, os consumidores dos vinhos catarinenses podem saber, oficialmente, que estão diante de um produto único no mundo.

“O recado do vinho catarinense para o cenário nacional, especialmente a partir da Indicação de Procedência, é a extrema qualidade. Os produtores têm um olhar muito cuidadoso para os processos mesmo com produções consideradas pequenas. A tendência é que o vinho catarinense se firme como um referencial de extrema qualidade no Brasil”, projeta Rossela.

Diogo Cruz, que figura entre os três melhores sommeliers de vinhos brasileiros, dá um exemplo desta busca obstinada por qualidade na produção: “Quando um produtor deixa as uvas secando em uma esteira por meses, ele sabe que vai perder metade do líquido das frutas e com isso, vai reduzir drasticamente o volume de produção, mas ele decide fazer isso porque o processo vai acentuar o sabor da uva e é esta qualidade ele pretende obter no vinho”, explica.

“Nossa maturação é mais lenta e, com isso, perdemos um pouco na quantidade de uvas produzidas”, explica Roberta Zilli, da serra do Sol. “Sem falar em todos os equipamentos importados que usamos. Aqui na serra todos investem muito em barricas de carvalho francês ou carvalho americano, por exemplo, com preço atrelado ao dólar”, destaca.

Patrícia Ferraz lembra ainda do impacto das condições climáticas do tempo no custo de produção dos vinhos. “Já tivemos safras em que perdemos toda a produção de chardonnay, ou outras em que tivemos que vender as uvas a granel porque não atingiram a qualidade esperada para a produção dos nossos vinhos”, conta.

“Nós precisamos capacitar profissionais para que consigam expressar aos consumidores esse sentimento de excelência do produtor. Para que quando a pessoa decida comprar um vinho daqui, não pense em comparar com um vinho de outro país. Quem vem para a serra sempre volta pra casa cheio de garrafas porque viveu a experiência, entendeu a história e entendeu o processo”, conclui Diogo.

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Fonte: Visor Notícias

Sobre o autor:
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