A formação do fenômeno La Niña, prevista para o segundo semestre de 2024, gera preocupação entre os produtores agrícolas do Brasil devido aos possíveis impactos climáticos adversos ao setor.
Acompanhando o El Niño, que provoca o aquecimento das águas do Pacífico Equatorial, observa-se um resfriamento atípico nas águas na costa oeste da América do Sul. Esse resfriamento é um indicativo da iminência de La Niña, que tem uma chance de 62% de ocorrer entre julho e setembro de 2024, de acordo com projeções do International Research Institute for Climate and Society (IRI).
José Eduardo Furtado, Técnico de Desenvolvimento de Mercado na BRANDT Brasil, aponta que as projeções climáticas sugerem um aumento nas chuvas no Norte e Nordeste do Brasil, enquanto o Sul pode enfrentar um período de estiagem prolongada. As regiões Centro-Oeste e Sudeste deverão experienciar condições climáticas mais regulares, embora variações significativas no volume de chuvas possam ocorrer devido à extensão dessas áreas.
Diante desses desafios, Furtado aconselha os agricultores a adotarem estratégias como o escalonamento do plantio, o uso de sementes de alta qualidade e variedades geneticamente adaptadas, além de técnicas de manejo que preparem as plantas para estresses abióticos, incluindo nutrição balanceada e bioestimulação. “Um planejamento cuidadoso para o período pré-La Niña é crucial para minimizar os impactos negativos no setor agrícola”, enfatiza Furtado.
Impactos do La Niña para a Região Sul do Brasil
No Sul, a previsão de estiagem demanda estratégias específicas para desenvolver os cultivos. Furtado explica que o foco do produtor deve ser adotar um manejo voltado para a resiliência das plantas. “Fazer uma base bem feita é fundamental. A construção da fertilidade do solo e do perfil é importante para criar essa resiliência no cultivo”, destaca. Essa base sólida permitirá que as plantas busquem água em profundidades maiores e suportem períodos mais longos de estresse hídrico.
Além disso, o especialista ressalta a importância de plantar na época certa e estar preparado para possíveis estiagens pós-plantio, por isso alerta. “O produtor precisará ter paciência nesse período. Como ele irá enfrentar um processo de ausência de chuvas, é preciso fazer a semeadura na época adequada para reduzir o risco de ocorrer a estiagem no pós plantio”, ressalta.
Técnicas consagradas como o plantio direto também podem fazer parte das estratégias para mitigar os impactos. “Quem já tem essa técnica consolidada na lavoura irá se beneficiar, pois, além de favorecer a ciclagem de nutrientes, o plantio direto contribui para maior retenção de água, diminuição da temperatura do solo e fortalecimento da microbiota”, pontua. Furtado também recomenda o uso de ferramentas nutricionais, biológicas e bioestimulantes, as quais podem ser decisivas para a sobrevivência das plantas durante os períodos de seca.
Norte e Nordeste tendem a enfrentar período de chuvas
Na região Norte e Nordeste, a chegada do fenômeno La Niña tende a intensificar as chuvas, exigindo dos agricultores um manejo cuidadoso para controlar o excesso de água e prevenir a proliferação de doenças. Segundo José Eduardo Furtado, técnico de desenvolvimento de mercado na BRANDT Brasil, o aumento da umidade combinado com o calor cria um ambiente propício para o surgimento de doenças.
Ele alerta sobre a importância de manter o cronograma de aplicação de defensivos e adotar ferramentas eficazes de controle para evitar perdas.
O monitoramento constante das lavouras, utilizando tecnologias como drones e sensores, é vital para detectar precocemente quaisquer sinais de infecção por fungos, bactérias ou vírus, e a rotação de culturas ajuda a interromper o ciclo de vida dos patógenos.
*Supervisionado por Everton Palaoro
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