Uma descoberta surpreendente foi feita por cientistas da University of Southern California (USC), que revela que o núcleo interno da Terra está desacelerando em relação à superfície do planeta. Publicado na revista Nature, o estudo liderado por John Vidale, professor de Ciências da Terra, sugere que essa mudança no ritmo de rotação do núcleo poderia impactar, mesmo que minimamente, a duração dos dias terrestres.

Contrariando pesquisas anteriores que indicavam que o núcleo interno girava mais rápido que a superfície, os dados sísmicos usados no estudo, que incluem registros de terremotos desde os anos 90, demonstram uma tendência de desaceleração que começou por volta de 2010. “Isso significa uma alteração na duração do dia em frações de milésimos de segundo, uma mudança pequena, mas cientificamente significativa”, explica Vidale.

O núcleo interno, composto por uma esfera sólida de ferro-níquel do tamanho aproximado da Lua, situa-se a mais de 4.800 quilômetros abaixo da superfície terrestre. Devido à sua inacessibilidade, o estudo de suas características e movimentos depende exclusivamente das informações fornecidas pelas ondas sísmicas geradas por atividades tectônicas como terremotos.

As implicações desta desaceleração vão além de uma simples mudança no relógio. “Isso pode afetar a dinâmica entre o núcleo interno sólido e o núcleo externo líquido, possivelmente impactando o campo magnético da Terra e, por extensão, tudo desde a navegação por satélite até as comunicações elétricas”, aponta Vidale.

Além das questões geofísicas, a descoberta abre caminho para um melhor entendimento de fenômenos naturais como terremotos e erupções vulcânicas. A USC, em colaboração com outras instituições, já planeja estudos adicionais para explorar as causas e consequências dessa desaceleração, enfatizando a importância de um monitoramento contínuo das condições do núcleo interno.

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