As primeiras horas desta terça-feira (19), foram marcadas por intensa movimentação policial para a Operação Kraken, com mandados a serem cumpridos em 38 municípios do Rio Grande do Sul, além dos Estados de Santa Catarina, sendo uma das cidades alvo das buscas, Balneário Camboriú. Ações também ocorreram no Paraná e Mato Grosso do Sul. O expressivo contingente para as diligências na Região Metropolitana foi reunido em um amplo espaço da Capital para garantir o necessário sigilo da ação.
Esta, que já é considerada como uma das maiores mobilizações policiais já deflagradas, partiu de uma investigação da 1a Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul. Agentes desta Distrital, coordenados pelo Delegado Gabriel Borges e pelo Delegado Regional Mario Souza, debruçaram-se por mais de 1 ano em meio nas investigações que identificaram vultoso esquema de lavagem de dinheiro do crime organizado gaúcho.
Valores obtidos a partir do tráfico de drogas e crimes patrimoniais (roubos, latrocínios etc.) eram maquiados e investidos de forma empresarial por facção gaúcha que atua no Rio Grande do Sul, parte do Sul do Brasil e possui ligações internacionais. A investigação se concentrou nos crimes de lavagem e ocultação de bens e valores oriundos do tráfico de entorpecentes e alcançou 5 lideranças do grupo criminoso, sendo indiciados pelo pertencimento à organização.
A partir do desdobramento das investigações, aprofundamento no sentido de encontrar o cerne do grupo criminoso e, por meio da utilização de técnicas especiais de investigação, foi possível mapear o organograma, a base de atuação, os ramos de condutas delituosas praticadas e a logística dos membros.
Ao longo da investigação, no ano de 2021, a 1ª Delegacia de Polícia de Sapucaia do Sul prendeu 102 integrantes da organização criminosa, que atuavam em diversos níveis de comando, desde o chamado vapor, puxador de carro, até alguns gerentes, além disso apreendeu mais de 10kg de entorpecentes e 11 armas de fogo.
Os policiais civis, após essas investigações e com o apoio do Ministério Público do RS, representaram e obtiveram 1.368 ordens judiciais no combate à facção criminosa. A ação de hoje contou com o apoio da Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários, Corpo de Bombeiros Militar do RS, Polícias Civis de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, além da Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional.
O saldo da Operação Kraken compreende 273 mandados de busca e apreensão, 66 ordens judiciais de prisão, 13 casas prisionais objeto de busca e apreensão, 1 casa prisional federal com diligência para busca e apreensão, 38 sequestros de imóveis do crime, 102 veículos com decretação de perdimento, o que inclui carros de luxo como Maserati, Audi, Cadillak e Camaro. A descapitalização do grupo criminoso teve, ainda, o bloqueio de 190 contas bancárias e 812 pedidos para quebras de sigilo fiscal, bancário, tributário e bursátil deferidos.
O Delegado Gabriel Borges destaca que esse é um grande golpe que o crime organizado sofreu no que tange à sua descapitalização e sufocamento financeiro. Para o Diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana – 2ªDPRM, Delegado Regional Mario Souza a operação Kraken rompe paradigmas no que se tinha até o momento no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro. Ele ressalta que os reflexos desse trabalho certamente serão verificados por vários anos e as técnicas utilizadas servirão de base para trabalhos futuros.
Como atuava a organização criminosa
O grupo criminoso nasceu no Vale do Rio dos Sinos (RS), com atuação sempre no setor empresarial e buscava o máximo lucro por meio de roubos, tráfico de drogas e armas. Com uma espécie de código interno, rede de apoio criminosa e uma espécie de banco criminoso eles recrutavam jovens para começar como vapor ou puxador de carro, até postos mais altos dentro da organização. A organização criminosa investigada possui caráter empresarial, atuando de forma regrada, discreta e sempre visando o lucro por meio da prática de infrações penais. Principalmente crimes patrimoniais, narcotráfico e tráfico de armas de fogo.
Pode-se dizer que, segundo as investigações, todo o tipo de conduta ilícita capaz de gerar lucro era praticada pelos membros do grupo. A investigação apurou ainda que o grupo pratica ampla e complexa lavagem de bens e valores resultados do tráfico de entorpecentes, comércio ilegal de armas de fogo, comércio ilegal de pedras preciosas, crimes patrimoniais, crimes contra a fé pública como falsificação de documentos, falsidade ideológica, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, comércio ilegal de camisetas e símbolos de órgãos e instituições públicas entre outras infrações penais.
O Delegado Gabriel Borges destaca que “o resultado do trabalho de um ano e meio fala por si só. Esse é um grande golpe que o crime organizado sofreu no que tange a descapitalização e sufocamento financeiro”. O chefe de Polícia do Estado do Rio Grande do Sul, Delegado Fábio Motta Lopes destaca completa afirmando que “foi a maior operação da história da Polícia Civil e com foco exatamente na descapitalização do crime organizado”.
A lavagem de dinheiro
Por meio das investigações foi identificado que a lavagem de dinheiro é altamente sofisticada, com a aquisição de imóveis e automóveis de luxo na capital, região metropolitana e Litoral do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, além de aquisições de empresas para conversão de valores, como empresas do ramo mobiliário, automotivo e de metais preciosos.
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Fonte: Visor Notícias
Sobre o autor:
Brunela Maria
Brunela Maria é jornalista desde 2011 e formada pelo Centro Universitário IESB, em Brasília. Trabalhou no Notícias do Dia, em Florianópolis e na Record TV Brasília. Atua como repórter no portal Visor Notícias e também na WebTV desde 2019.
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