Quando chegou a Florianópolis em 2016, Francis Bernardo, 54, trazia uma bagagem do mundo empresarial, como médica veterinária em Porto Alegre. As experiências no hipismo (chegando a conquistar prêmios na juventude), pareciam ter ficado no passado. A paixão por cavalos ficou guardada em algum canto do coração. O desafio era assumir, ao lado do marido Luiz Bernardo, algo que mudaria sua vida: a franquia da CASACOR em Santa Catarina. A marca exigiria enorme dedicação, já que era necessário manter o padrão da mostra reconhecida como a maior das Américas. Neste mês da mulher, a história de Francis traz inspirações e mostra que sempre é possível mudar e vencer os obstáculos.

Quatro anos depois de enfrentar imensos desafios e também viver grandes momentos de celebração ao colocar as mostras em cartaz na Capital e nas cidades de Itapema e Balneário Camboriú, veio a pandemia. As pistas da hípica, perto de onde Francis mora, no Norte da Ilha, apareceram como o refúgio perfeito para manter o equilíbrio emocional, saindo um pouco de casa. Voltar ao esporte que praticou na adolescência, principalmente, sonhar com os pódios, não passava pela cabeça da empresária. Mas o amor pelos cavalos fez parte de sua vida desde a infância. E foi aos 50 que suas maiores conquistas chegaram. 

A história de Francis mostra como a paixão por um esporte pode ser transformadora, além de só acrescentar benefícios à vida profissional. “Desde criança sou apaixonada por cavalos, e sempre tive contato com esses incríveis animais”, diz. Na vida adulta, Francis teve um centro veterinário por 13 anos, em Porto Alegre. Quando ela, o marido e as filhas mudaram para Santa Catarina, mudou totalmente sua perspectiva de vida.

O retorno aos pódios

A volta ao hipismo e tudo o que envolve o esporte na vida de Francis aconteceu mesmo, em 2022. Ela emagreceu 10 quilos e ficou bem diferente. “Me dediquei, comecei a levar a sério o esporte e agir como atleta. “Fui bronze no individual e minha equipe de SC foi campeã no Campeonato Brasileiro, na hípica paulista, na época. Foi uma honra para mim ter contribuído na pontuação da equipe e ter ficado em terceiro individual entre muitos concorrentes fortes”, lembra.

Francis venceu o Campeonato Catarinense e em 2022 e 2023 ficou no pódio como campeã ou vice e em 2023 recebeu um troféu como atleta de maior desempenho, ou seja, a pessoa que mais ganhou etapas. “Nestes campeonatos a gente vai saltando todos os meses ao longo do ano e contando pontos, então fui a que mais ganhou etapas e recebi um troféu por reconhecimento do alto desempenho.”

Atualmente, a égua Lady Beth, com quem Francis tem celebrado tantas vitórias, está machucada. Foi no campeonato brasileiro, em novembro, no Rio de Janeiro, que ela saltou no primeiro dia e se classificou em segundo lugar. “No dia seguinte Lady Beth amanheceu manca e aí começamos a fazer tratamento e eu nem pude finalizar o campeonato lá no Rio. Isso impactou no meu desempenho no campeonato catarinense, pois não pude mais participar das etapas seguintes, perdendo minha colocação. A expectativa é que a Lady volte dentro de um ou dois meses. Eu tenho possibilidade de montar outro cavalo, mas já tenho um conjunto com ela, o que quero mesmo é que ela volte”, diz Francis.

Aprendendo com obstáculos

Conciliar um esporte de alta performance e a direção de uma grande marca pode parecer algo muito difícil. Mas para Francis, o hipismo só ajudou em sua vida profissional. “É aquela coisa: você vai fazer um percurso, tem em média 12 obstáculos, você não pode saltar o primeiro já pensando no quinto, por exemplo. Tem que vencer um de cada vez, precisa ter disciplina. E é isso que eu faço no trabalho também. Quando surgem os problemas na CASACOR, eu resolvo uma coisa de cada vez. É um evento que envolve muita gente, muitas empresas, a gente precisa saber separar as coisas e resolver uma coisa de cada vez. O hipismo também me dá mais força para superar os obstáculos do trabalho e vencer aqueles desafios”, avalia.

Autoestima

Francis afirma que o hipismo só melhorou sua capacidade em todos os aspectos. “Eu sempre tive baixa autoestima, quando criança era pior, depois a vida te obriga a seguir em frente. Depois que voltei a montar, me sinto mais capaz, e quero passar isso pra minha filha. Quando estamos no paddock, antes de entrar na pista, eu fico repassando a ordem dos obstáculos, reforçando em minha mente que eu sei o que devo fazer, a égua também sabe, nós treinamos para isso e vai dar tudo certo. E isso eu faço também na CASACOR, quando eu vou encarar uma reunião difícil, um problema, ou até pegar o microfone, eu paro e penso: ninguém sabe mais sobre isso do que eu, é o meu negócio, eu sei o que eu tenho que falar, trabalhei para isso, então é a mesma coisa.” 

*Supervisionado por Everton Palaoro

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