Aos 89 anos, Adélia Domingues Garcia da Silva, natural de Pinheiro Machado, Rio Grande do Sul, vive uma fase produtiva em Florianópolis, onde mora há três décadas. Carinhosamente chamada de “cataúcha” — uma fusão das palavras catarinense e gaúcha — dona Adélia não apenas se integrou à cultura local, mas também embarcou em uma jornada de aprendizado tardio que culminou na escrita de livros.
Adélia foi alfabetizada através do Núcleo de Estudos da Terceira Idade (Neti) na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um dos 27 polos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Florianópolis. O retorno aos estudos veio aos 60 anos, depois de uma vida de trabalho árduo na roça e nas tarefas domésticas que a fizeram abandonar a escola aos 12 anos.
Seu primeiro livro, “Construída em Retalhos”, narra sua vida desde a infância até a terceira idade. Apesar de modesta — apenas 20 cópias foram feitas — a obra foi um projeto de paixão, distribuído entre familiares e amigos. “Quem quis pagar, pagou! Se não quis, ganhou. É uma história curta, mas é uma história,” diz ela com um sorriso.
Além de escritora, dona Adélia mantém uma vida ativa, frequentando aulas de ginástica na UFSC, participando de aulas da EJA, e integrando um grupo de leitura de idosos.
Agora, ela trabalha em seu segundo livro, motivada pelo desejo de compartilhar mais de sua história recente. Este novo projeto conta com o apoio contínuo de sua família e amigos, além das professoras que se tornaram suas confidentes e aliadas no processo criativo.
Segundo relatos, dona Adélia vive com um dos seus netos e próxima de uma filha no Norte da Ilha, cercada por uma grande família que inclui 30 netos, cerca de 25 bisnetos e dois trinetos. Com um espírito incansável e a sabedoria de uma vida plena, ela prova que nunca é tarde para novos começos e realizações pessoais.
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