Um dos sócios do laboratório responsável por testes incorretos que possibilitaram transplantes de órgãos contaminados com HIV foi preso nesta segunda-feira (14). Esses transplantes resultaram na infecção de seis pessoas com o vírus no Rio de Janeiro. O médico ginecologista e responsável técnico do laboratório, assinou um dos laudos com o falso negativo para a doença, mesmo sabendo da gravidade da situação.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando se o laboratório falsificou laudos em outros casos além dos transplantes, e os envolvidos enfrentam acusações de associação criminosa, falsidade ideológica e infrações sanitárias. A prisão do médico é parte da Operação Verum, que já cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão em Nova Iguaçu e na capital fluminense. A investigação foi iniciada após um dos pacientes transplantados ser diagnosticado com HIV durante exames de rotina.

Pacientes foram contaminados após receberem transplantes de órgãos com HIV

Seis pacientes no Rio de Janeiro foram diagnosticados com HIV após receberem transplantes de órgãos. Esse caso, inédito no estado, resultou na abertura de uma investigação policial na sexta-feira (11).

A SES-RJ (Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro) considerou o episódio dos transplantes de órgãos com HIV como “inadmissível” e anunciou a criação de uma comissão multidisciplinar para apoiar os pacientes afetados. Além disso, a SES está revisando todas as amostras de sangue de doadores desde dezembro de 2023, quando o laboratório começou suas atividades.

De acordo com o Metrópoles, a Anvisa entrou em contato com o laboratório e verificou que a unidade não possuía os kits necessários para a realização dos testes de sangue, além de não ter apresentado documentos que comprovassem a aquisição dos materiais. A suspeita é de que os testes não foram efetivamente realizados, mas sim forjados.

Em nota, a empresa informou que uma sindicância interna identificou indícios de erro humano em dois testes de HIV, que levaram à infecção dos seis pacientes. O laboratório iniciou uma nova sindicância para investigar as responsabilidades e afirma que utilizou kits de testes recomendados pela Anvisa.

O que diz a SES-RJ

“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados.

O laboratório privado, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, teve o serviço suspenso logo após a ciência do caso e foi interditado cautelarmente. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio.

A Secretaria está realizando um rastreio com a reavaliação de todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório.

Uma sindicância foi instaurada para identificar e punir os responsáveis. Por necessidade de preservação das identidades dos doadores e transplantados, bem como do encaminhamento da sindicância, não serão divulgados detalhes das circunstâncias.

Esta é uma situação sem precedentes. O serviço de transplantes no Estado do Rio de Janeiro sempre realizou um trabalho de excelência e, desde 2006, salvou as vidas de mais de 16 mil pessoas.”

*Supervisionado por Everton Palaoro

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