Santa Catarina enfrenta uma fase de “transmissão intensa” do novo coronavírus e a aceleração do contágio deve seguir até meados do próximo mês. É o que afirma o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que concedeu entrevista à colunista Dagmara Spautz, da NSC, em parceria com o repórter Guilherme Simon. “Eu acredito que vocês [em Santa Catarina] passam julho e passam um bom período de agosto até virem para uma situação de chegar próximo ao nível em que esse vírus consegue ter um pouco mais de equilíbrio com o sistema imunológico das pessoas”, disse.
Mandetta lembrou que, ainda ministro, alertou que o país viveria “20 semanas muito duras”, o que soma cinco meses de pandemia. “Seria o tempo do Brasil, e suas diferentes regiões, entrar em contato, achar um ponto de equilíbrio e poder passar esse primeiro ciclo da doença”, avalia. Depois disso a tendência, segundo o ex-ministro, é que as regiões tenham “pequenos surtos locais”, até que haja uma vacina ou um medicamento eficaz. Defensor das medidas de isolamento social, um dos motivos principais de atritos com o presidente Jair Bolsonaro, resultando na demissão do médico em abril, para Mandetta se há risco de colapso no sistema de saúde, o Estado deve ser encaminhado para medidas mais drásticas.
“Se vocês estiverem tendo casos numa velocidade tamanha, que vocês não consigam garantir que as pessoas vão ter acesso a tratamento, e isso pode chegar a um ponto de não dar acesso para infarto, para acidentado, isso pode fazer um colapso total. Aí, não me parece que seria responsável falar em qualquer tipo de movimentação. Essas são as situações que te levam a propor redução”. O ex-ministro diz que não é possível falar quando ocorrerá o pico da pandemia. Questionado pelo repórter Guilherme Simon sobre a falta de adesão dos catarinenses às medidas de isolamento social, o ex-ministro cutucou: disse que o desrespeito é “inspirado no presidente da República” e que o negacionismo tem feito o Brasil pagar um preço alto em relação à imagem na comunidade internacional. Mandetta também foi crítico a mudanças estabelecidas no Ministério da Saúde desde que a saída de Nelson Teich, quando a pasta foi assumida pelo general Eduardo Pazuello.
A principal crítica foi em relação à falta de medicamentos anestésicos, para o procedimento de intubação de pacientes nas UTIs. Santa Catarina é um dos estados onde os medicamentos estão em falta. “Trocou a equipe inteira (do Ministério da Saúde). As pessoas que entraram não têm conhecimento do histórico. No meio de uma pandemia, você trocar todo mundo, uma equipe inteira é no mínimo irresponsável e inconsequente. Nessa somatória de decisões equivocadas a gente está colhendo o que a gente está presenciando aí. É um Ministério da Saúde ausente”, comenta.
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