Homem não ganhava salário e tinha que recorrer a frutas colhidas do chão da fazenda para matar a fome
Um idoso de 64 anos, que era mantido em condições de trabalho semelhantes à escravidão, foi resgatado na noite de quarta-feira (20), em Quaraí, no Rio Grande do Sul. O homem trabalhava há quase quatro anos em uma granja no interior do município e não recebia salário. Ainda revelou ter sido submetido a humilhações, alvo de ofensas racistas e ganhava alimentação insuficiente, tendo que recorrer a frutas colhidas do chão da fazenda para matar a fome. A operação de resgata foi realizada pela Polícia Civil, Superintendência Regional do Trabalho e Ministério Público do Trabalho.
O dono da granja, segundo o Ministério Público do Trabalho, também teria retido os documentos pessoais do homem. O trabalhador contou que dormiu muitas vezes ao relento do tempo e que seu alojamento na granja era um galpão construído de tábuas, folhas de zinco e piso de terra batida.
“O espaço era mantido como depósito de materiais, rações para animais e veneno para a lavoura, além de ser constantemente infestado por ratos e pulgas”, afirmou o MPT. Na propriedade realizava diversas atividades, como ordenha de vacas, corte de lenha, trato de gado e manutenção de parreiras.
O trabalhador foi internado no início deste mês após sofrer fortes dores na coluna e outros problemas de saúde. As denúncias de sua condição se tornaram públicas após acompanhamento de uma psicóloga no atendimento médico. O idoso será levado à Assistência Social de Quaraí que deverá providenciar condições dignas de hospedagem após a alta médica do hospital. Ele ainda receberá o seguro-desemprego em razão do ocorrido. Segundo o MPT, serão cobradas, ainda, as verbas rescisórias e indenizações para vítima de trabalho escravo.
O proprietário da granja, ouvido pela Polícia Civil de Quaraí, confirmou apenas em parte as condições de hospedagem e trabalho. Se condenado, poderá ser preso, além de ter que custear as multas e demais despesas do processo.